Hoje os projectos políticos ou são culturais ou não existem. Está na natureza do projecto político de Autonomia o assumir de uma cultura, de uma "raiz" que, de mar e vontade, constrói o tempo deste povo.
Ralph Linton diz que a cultura é "a configuração das formas adquiridas de comportamento e da dos resultados da actividade humana cujos elementos são transmitidos e partilhados numa determinada sociedade". Ora a cultura autonómica começa por ser um comportamento, uma atitude que valoriza a responsabilidade; o risco; a vontade; a potencialidade; a inovação; e a libertação.
O abandono da Pátria madrasta sedenta de história e de geografia, mas parca em aceitar o longe e a distância de um povo, foi então alavanca da revolta açoriana, o marco de rebelião, o pretexto para a construção histórica e política de um processo de desenvolvimento.
Porém, hoje esses traços da cultura autonómica diluem-se noutras distâncias e noutras estórias? Talvez a distância e o longe já não seja em relação a uma Pátria madrasta que sem jeito ainda tenta redimir-se. Hoje, esta distância e esse longe está a aparecer entre os açorianos e o projecto da sua afirmação numa modernidade tardia: tempos estranhos de parecenças e de encenações.
E nós, açorianos, herdeiros de uma cultura de subsistência de mar, de terra e de árduo trabalho; de uma cultura de vivência narrada pelos escritores geneticamente ancorados ao tema e à vida e de tantas outras culturas populares açorianas marcadas pelo hino ao saber ser, parecemos? diria mais, fazemos de conta, que estamos a aceitar uma cultura política de "sub-existência " por entre as camadas superficiais do politicamente correcto: o "in-existente".
Afinal, diria o outro, para usar a prosa típica de quem sente: o poder ganha-se numa sedução subtil que não aceita diferenças, tal como a igualdade material da publicidade estática das campanhas !!! Será que queremos esta cultura política?
Divagações socio(lógicas)!!!
terça-feira, janeiro 11, 2005
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1 comentário:
« (...) fazemos de conta, que estamos a aceitar uma cultura política de "sub-existência " por entre as camadas superficiais do politicamente correcto: o "in-existente".». Gostei! Todavia enquanto uns fazem de conta, outros fazem as contas. Outros, entretanto e entre tantos, fazem. Como tu.
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